Em uma colina da Toscana está a Manhattan Medieval, a cidade das torres, dos muros, do vinho branco e do melhor sorvete do mundo. Neste post conto como foi passear pelas ruas desta pequena, mas muito charmosa, cidade de San Gimignano.

San Gimignano
Com pouco mais de sete mil habitantes, esta comuna italiana desenvolvida desde o século 10 faz parte da Província de Siena. A parte guardada pelas muralhas já foi um importante ponto de peregrinação religiosa até Roma. O que estimulou por parte das famílias que controlavam a cidade a construção de 72 torres-casas como demonstração de poder e riqueza.

A época de ouro foi encerrada pela Peste Negra em 1348, que não só empobreceu a cidade como muitas vidas foram perdidas. O fim da peste não representou o retorno dos peregrinos, deixando a cidade impossibilitada de se modernizar. O que fez com que muitas das torres fossem cortadas em disputas familiares ou simplesmente desabassem por falta de recursos para manutenção.
Hoje apenas 14 destas torres ainda estão de pé, mas a cidade como um todo é muito bem conservada, sendo muito semelhante há como era a 700 anos atrás, motivo pelo qual ela foi eleita em 1990 Patrimônio Mundial da Unesco e atrai turistas de todo o mundo.
Como ir?
San Gimignano fica a 286km de Roma, 58km de Florença e 39km de Siena. Podendo ser uma base para quem vai percorrer a Toscana, ou um bate-volta para quem está próximo.
No nosso caso, nós saímos de Siena, onde fizemos base para percorrer a Toscana de carro. Levamos em torno de uma hora percorrendo o caminho que separa as duas cidades. Há estacionamentos gratuitos, que ficam longe do centro histórico, e as opções pagas, que ficam bem mais próximos as muralhas.

Entre os pagos há o P1, P2, P3 e P4. Como chegamos cedo, conseguimos estacionar no P2, que fica literalmente ao lado da muralha. Pegamos um bilhete em uma máquina na entrada, e na saída colocamos na máquina de pagamento, que calculou o nosso tempo e cobrou o valor. O custo da hora é de 2 euros, e permitia pagamento em dinheiro e cartão de crédito.
Mas também é possível ir de ônibus, já que a cidade possui ligação rodoviária com as cidades de Florença e Siena, e o tempo de viagem é de cerca de uma hora e meia e deixa o visitante no portão de acesso da cidade histórica.
O que fazer?
A caminhada por San Gimignano começa pelo Portão de San Giovanni, que é a porta de entrada da cidade. Seguindo em frente, várias lojinhas que vão de cosméticos, vinhos a lembrancinhas. Nós deixamos para observar mais atentamente na saída, para não ficar carregando peso, e compramos o vinho branco Vernaccia de San Gimignano e um chianti por ótimos preços.
Um dos lugares que nos chamou a atenção foi a Chiesa di San Francesco, onde a fachada em estilo romântico está preservada. Internamente uma loja de produtos locais ocupa o espaço.
Em poucos minutos chegamos a Piazza della Cisterna, em seu centro um poço com moedas e notas de diferentes países, incluindo o nosso real. E nos prédios a sua volta comércio, incluindo a famosa Gelateria Dondoli, que venceu o concurso de melhor sorvete do mundo nos anos de 2006/2007/2008/2009.

Pela manhã observamos que quase não havia movimento, acabamos indo após o almoço e já pegamos uma fila razoável, o atendimento é meio caótico, pois as pessoas se amontoam como se estivessem em um ônibus na hora de pico. Achamos o sorvete bem gostoso, dentro do padrão italiano, mas como experimentamos 10 anos depois do último título, isso pode ter motivado as demais.

Na praça também é possível ver as Torres dei Becci e dei Cugnanesi, a Torre del Diavolo – que teria ficado mais alta sozinha durante uma viagem do proprietário, que atribuiu o fato ao Diabo – e as casas mais importantes da cidade: Palazzo Razzi, Palazzo Tortoli e Casa Silvestrini.

A Torre Grossa e Torre Salvucci Maggiore
Construídas entre os séculos XI e XIX, entre as 14 tores que resistiram ao tempo há duas que podem ser visitadas: a Torre Grossa e a Torre Salvucci Maggiore.

Localizadas na Piazza del Duomo, fomos até o Musei Civici que fica no Palazzo Comunale, e compramos o ingresso que dava direito a visitar alguns lugares da cidade – incluindo a Torre Grossa -, com exceção do Duomo de San Gimignano. Pagamos 9 euros pelo ingresso, Alice foi isenta.
Subindo a Torre Grossa
A vovó Zu optou em não subir a torre, e desta vez levamos a Alice junto. O início da subida é tranquilo, com degraus de tamanho médio, até entrar em uma estrutura de ferro que te leva até o alto. A parte que exige mais cuidado é justamente a final, onde ela é vertical.
A subida vale muito a pena, pois a vista que se tem de San Gimignano é belíssima. Onde você vê as torres, as casas, os campos, o campinho de futebol, os telhados, as praças e o horizonte.
Na subida pela escada metálica passa um vídeo bem legal sobre as torres e a cidade, é a propaganda do Medieval Vertigo, um espetáculo promovido pelo município, que traz um panorama em 3D.
Palazzo Comunale
Também conhecido pelos nomes de Palazzo del Popolo e Palazzo Nuevo del Podestá, tem um conjunto de salas que são ao mesmo tempo de rápida visitação e interessantes.
No primeiro andar fica a Sala del Consiglio, também conhecida como Sala Dante devido a uma visita do poeta florentino em 1299. Ela possui um afresco do final do século XIII representando torneios de cavalheiros e cenas de caça.
Pinacoteca
No segundo piso do Palazzo Comunale está a Pinacoteca, com acesso incluído no bilhete que compramos. Aqui há obras de pintores de Siena e Florença entre os séculos XIII e XV, como Filippino Lippi e Benedetto da Maiano.
Camera del Podestá
Do lado contrário a Pinacoteca está a Camera del Podestá, uma importante pintura do século XIV. Trata-se de um conjunto de afrescos profanos e moralizantes sobre o amor, tendo sido criado entre os anos de 1305 e 1311 por Memmo di Filippucio.
Museu San Gimignano 1300
Alice amou este lugar. O pequeno museu reconstruiu em uma maquete extremamente detalhista de como São San Gimignano era no período de 1300, no auge das peregrinações. Este bonito trabalho foi feito por Michelangelo e Raffaello Rubino (será que eles viraram artistas por influência dos pais ou dos nomes?!), que doaram para a cidade.
O museu fica na Via Costarell e a visitação é gratuita.
Complexo Museu de Santa Chiara
Entramos no museu pela entrada estar incluída no ingresso de subida da Torre, e achamos o local uma graça. O prédio possui dois andares e um jardim muito bonitinho, com árvores, mudas e plantas. No primeiro andar está o Museu de Arqueologia e da Spezieria dello Spedali di Santa Fina.

No Museu de Arqueologia encontramos peças que representam os costumes e técnicas durante três períodos da cidade de San Gimignano: o etrusco, o romano e o medieval. Os vasos de cerâmica são lindos, mas não deixe eles centralizarem a sua visão e olhe para o teto também.

Já a Spezieria dello Spedali di Santa Fina é muito interessante pela quantidade de plantas, a antiga Farmácia de Santa Fina exibe os recipientes originais da Farmácia do Hospital de Santa Fina, que foi fundado em 1253. No espaço há tanto a loja quanto a cozinha, onde eram preparados os medicamentos.
No andar superior está a Galeria de Arte Moderna e Contemporânea, onde é possível conhecer um pouco das obras artísticas de San Gimignano, lá vimos quadros muito interessantes de artistas como Raffaele De Grada, Niccolo Cannici, Carmelo Zotti entre outros. Há também banheiros para quem precisar.
Porta delle Fonti
Descendo uma encosta nos deparamos com uma construção de arcos onde se encontram as fontes públicas medievais. No local é possível ver a água e os peixes que nela moram, mostrando que a fonte permanece mais viva que nunca.
Além de ver o local de abastecimento da cidade, se tem uma vista muito bonita da Toscana, possibilitando bonitas fotos. Lembrando que descer é fácil, o exercício complica na subida.
San Lorenzo in Ponte
A pequena igreja fica no final da Via del Castello e a sua visita estava incluída no nosso ingresso. Construída no século XIII em estilo romântico, ela possui um teto de madeira.
Tanto a igreja quanto o seu pórtico construído no início do século XV possuem uma extensa decoração de afrescos. Criados pelo pintor florentino Cenni di Francesco no século XV, ele retrata o ciclo da vida após a morte, tendo São Lorenzo como um possível salvador das almas que estão no Purgatório.
Na extensão há também um afresco que retrata a Madonna e o Menino, a obra ,cuja a autoria talvez seja de Simone Martini, teve como sobrevivente aos anos apenas o rosto de Maria.
Caminhar sem rumo
Entrar nas ruas, seguir corredores que te levam a novas vistas da cidade. Se você quiser apenas caminhar por San Gimignano já terá ganho o seu dia. A cidade nos fez retornar no tempo, tornando muito prazeroso andar sem rumo e muitas vezes sem nenhum carro circulando.

Não visitamos por só descobrir depois:
Museu Torre e Casa Campatelli: primeira e única casa-torre aberta para visitação do público.
Rocca di Montestaffoli: sede do Bispo de Volterra durante a idade média e sede do mercado durante o século XX.
Museu do Vinho Vernaccia di San Gimignano: explica com fotos e espaço interativo como é produzido o vinho Vernaccia.
Não visitamos por que não tivemos interesse:
Duomo de San Gimignano: pedido da Alice para dar um tempo nas igrejas.
Museu Ornitologico: suas peças dão uma visão das aves italianas e europeias.
Museu da Tortura: cópias de artefatos de tortura em todo mundo.
Onde comer?
Existem várias opções de restaurantes na cidade, nós fomos na Antica Macelleria Trattoria e adoramos. Pedimos de entrada melão com presunto parma, duas lasanhas e dois raviólis. Tudo muito bom.

De bebidas água, refrigerante para o motorista e vinho branco da casa para mim e para a mãe. Com a taxa de coperto (2 euros por pessoa), a conta deu um total de 66,50 euros. Um preço bem bom para quatro pessoas.
Quando ir?
Dizem que as melhores épocas para visitar é primavera (março a junho) e outono (setembro a dezembro), quando as temperaturas são agradáveis.
Nós fomos em setembro, no final do verão, e gostamos bastante. Pegamos um dia de sol que permitiu percorrer as ruas da cidade tranquilamente. Optamos por roupas e sapatos confortáveis, para nos movimentar com mais tranquilidade, já que o local fica em uma colina e tem algumas subidas e descidas.
Como incluir San Gimignano no seu roteiro
San Gimignano pode ser sua base se você se hospedar lá, também pode ser um bate-volta para quem está em cidades próximas como Florença e Siena.
Para quem vai de carro, o bate-volta a San Gimignano pode ser combinado com Volterra, Colle di Val d’Elsa e Monteriggioni.
Nós combinamos com a cidade de Volterra, mas por termos um estilo mais devagar de viagem, acabamos aproveitando San Gimignano e subaproveitando a segunda. Para quem gosta de ver tudo com calma, deixo a sugestão de fazer um dia inteiro em San Gimignano.
* Viagem realizada em Setembro/2019
* Alice estava com 6 anos e 4 meses
* Todos os custos foram pagos por nós
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Amo me perder por cidades medievais! Ainda não conheci a toscana, mas meu roteiro com certeza incluirá San Gimignano.
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Quero muito conhecer a Toscana e gostei muito de ver as opções de San Gimignano que vc postou aqui. Também viajo com calma e amo fazer bate-volta. Obrigada por compartilhar sua experiência. Beijos
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Adorei esse roteiro por San Gimignano. Essa cidade estava no meu roteiro quando fui para a Itália, mas nao tive tempo. Da proxima irei com certeza
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San Gimignano foi a última cidade que visitei na Toscana. Perambulei pelas ruas sem roteiro definido e acabei não visitando museus ou subindo em torres. Se um dia eu voltar, vou aproveitar estas dicas, obrigada!
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Fiquei encantada com essa cidade medieval. O roteiro para San Gimignano está tentador. Fiquei com muita vontade de conhecer com meus filhos. Pois, adorei ver a sua princesa no passeio.
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Quando estivemos na Toscana fizemos um roteiro bem parecido com o seu. Adorei conhecer San Gimignano, acho que vale a pena mesmo incluir a cidade em uma visita a Toscana
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Como amo esse lugar! Eu fiz exatamente como você indicou: caminhar sem rumo! Confesso que não entrei em museus, pois a minha fascinação era desbravar as estreitas ruas e sabores dos sorvetes, que já me deixaram eufótica! Amo cidades medievais, Vai entender?.. kkk
Eu fiz um bate e volta de Florença, mas indico muito dormir em San Gimignano. Sonho em voltar em breve!
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Fiquei encantada por essa cidade de San Gimignano. É realmente muito charmosinha e com certeza vou querer explorar essa cidade medieval. Achei uma ótima sugestão de colocá-la no roteiro como base para minha viagem pela Toscana.
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A Toscana é cheio de cidades encantadoras né? Amei a dica
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Infelizmente não conheci San Gimignano, mas morro de vontade de conhecer esta cidade e toda a região da Toscana fora de Florença, que já visitei duas vezes e adorei. Ótimas suas dicas de atrações na cidade, com certeza incluirei em meu roteiro quando for visitar San Gimignano. Espero que seja breve, obrigada.
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Que passeio delicioso por San Gimignano. Amo essas cidadezinhas cheias de história. Gostei bastante da maquete e dos afrescos da San Lorenzo in Ponte. E, claro, fiquei louca para provar os sabores da Gelateria Dondoli! 🙂
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Vejo, pela sua postagem, que San Gimignano é uma delícia de cidade. Valeu a dica. Quero conhecer da próxima vez que for à Itália.
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Nossa sonho em conhecer a Toscana desde o dia que assisti caminhando nas nuvens e sob o sol da toscana, mas não conhecia Gimignano! A hora que li a chamada Manhatam medieval na toscana eu cliquei na hora! Que delicia de roteiro! Com certeza eu quero provar o melhor gelatto do mundo! Não sabia que era ali.
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