Experiência: Percorrendo a Toscana de Carro

Quando viajamos para a Europa, eu sempre priorizei o uso do trem como meio de transporte na hora de montar o roteiro, justamente pela praticidade e facilidade nos deslocamentos. Mas no caso da Toscana, isso não era aplicável de uma forma satisfatória. E neste post conto como foi a nossa experiência prática de alugar pela primeira vez um carro e circular por esta bela região da Itália.

Investigando o local…

A decisão em alugar começou quando comecei a montar o roteiro. Nem todas as cidades eram atendidas por trens, o ônibus era o mais indicado, mas poderiam exigir troca de condução no meio do caminho ou não deixavam tão próximos. Além do tempo de espera e chegada até cada local. Como não íamos passar um mês na região, e não somos apressados para percorrer os locais, o tempo deslocamento era precioso.

Andando de carro pela Toscana

A outra opção era entrar em excursões ou contratar um serviço de transporte privado. No caso do primeiro seria necessário obedecer a horários e itinerários e nós queríamos liberdade. E do segundo, apesar de ser muito prático, o custo seria muito maior.

Resumo da ópera: a melhor solução era alugar um carro, para ter liberdade de montar o próprio itinerário.

E o medo…

Durante a pesquisa sobre roteiros de carro pela Toscana, e Itália em geral, não raro eu caia no assunto multa. Que passado muito tempo depois, chegava uma carta com esta pequena grande lembrança de viagem, e que a causa principal era entrar em zona de trânsito restrito, algo que todas as cidades antigas tem, incluindo Florença.

Diferentes visões ao longo do caminho

Também havia a questão dos vidros e malas tanto em carros dentro de estacionamento quanto na rua, de ser comum quebrarem as janelas ou arrombarem portas para roubarem itens que estivessem ali visíveis.

Anotados todos os perrengues, fizemos a solicitação da PID, que é a permissão internacional para dirigir, e fizemos a reserva de locação ainda no Brasil através de um site com várias locadoras – conto o processo inicial no site no post Como alugar um carro.

Retirada e Entrega na Sixt ou Coloquem o cinto, a atendente sumiu!

Quando fizemos a reserva, escolhemos um carro com porta-malas para duas malas grandes, já que tínhamos duas médias e mais as mochilas e escolhemos pegar o carro na Sixt que ficava na Estação Ferroviária de Santa Maria Novella.

Chegamos meia hora antes do horário da reserva para pegar o carro, e não havia fila, o que nos permitiu ser atendidos logo de cara. A primeira notícia foi que eles não tinham o carro que havíamos selecionado para nos fornecer, e assim ofereceram update para um modelo disponível que era automático e a diesel. Perguntamos se o porta-malas era tinha capacidade para duas malas grandes e a atendente afirmou que sim, com certeza.

O companheiro de viagem

O passo seguinte foi nos oferecer um seguro complementar, que nos isentava de qualquer dano no carro, e nós acabamos aceitando, assim como a taxa para não precisar entregar o carro com o tanque cheio, já que ele seria entregue à noite, no aeroporto de Roma. Apesar do gasto extra, valeu a pena, pois o tanque rendeu a viagem inteira e entregamos o carro na reserva.

Com tudo pago outra atendente nos levou até o estacionamento onde deveríamos aguardar o veículo, ela chegou e nos entregou as chaves, o contrato onde listavas problemas pré-existentes do veículo, mas quando vi o tamanho do porta-malas e fui questiona-la, ela saiu literalmente correndo sem fazer nenhuma revisão extra do veículo conosco.

Passado o momento inicial de irritação demos um jeito nas malas, mudamos o itinerário e deixamos por isso mesmo, para não perder mais tempo. Só tivemos que fazer um ajuste no itinerário, já que as malas ficaram muito evidentes.

Como comentei acima, a entrega ocorreu em Roma, no estacionamento do aeroporto estacional há um prédio onde ficam as locadoras e os veículos, o ticket pego na entrada é colocado antes de acessar a área da Sixt, que possui uma área envidraçada de atendimento. Foi só estacionar em qualquer lugar e retirar as malas, uma atendente (que não saiu correndo) recebeu a chave e nos desejou boa viagem. Como havíamos feito seguro total contra tudo e contra todos, não veio nenhuma cobrança surpresa no cartão de crédito depois.

GPS doidão

O carro vinha com GPS e nós colocamos no português de Portugal para eles nos guiar. Em um primeiro momento o Marco resolveu utilizar ele como base invés do Waze, mas nem sempre dava certo.

A primeira louqueada do GPS foi para chegar em Siena, onde em uma rotatória ele se perdeu legal e tivemos que parar para que eu usasse o Waze e conseguisse descobrir para onde ir, e ficou aquela dúvida se o problema era nós ou ele.

Em um dos bate-volta, também retornando para Siena, ele nos indicou um outro caminho que nos fez encarar uma subida e dar em frente ao portão de uma casa em uma rua sem saída. O engraçado é que encontramos mais gente por lá com o mesmo problema, o que me fez suspeitar de um encontro secretos de gps.

Na ida para Montalcino ele nos levou para outra cidade ao qual agora não lembro o nome – sim, o Marco é insistente – e a partir daí eu comecei a usar o Waze em paralelo com o gps.

E para o grande desfecho final, ele não queria que fossemos para o aeroporto de Roma e sim que seguíssemos em frente na rodovia, e embora eu também quisesse seguir mais tempo percorrendo pela Itália, o Waze nos levou na direção correta.

Se isso ocorre com todos os gps? Sinceramente?! Não sei. Não utilizo GPS no Brasil e confesso que quando voltar a lugar carro no exterior vou seguir utilizando o Waze.

As estradas

As rodovias na Itália são muito boas de andar, permitem desenvolver bem o carro, sendo muito fácil de guiar nelas já que há muitas faixas, e em nenhum momento pegamos tranqueira, embora houvesse um trânsito razoável.

Eu tinha um pouco de preocupação com os pedágios, que pegamos no retorno para Roma, mas a forma como eles organizam de pegar um ticket na entrada e depois conseguir pagar na saída conforme a distância percorrida foi super prático. O único cuidado aqui é não pegar as faixas de pagamento automático se o carro não tem o dispositivo para isso.

Na área da Toscana é possível viajar por grandes rodovias ou estradas secundárias

O bicho pega mesmo é no interior da Toscana. Próximo as cidades os locais não querem nem saber de respeitar o limite de velocidade, então se você é como nós que em um lugar estranho prefere andar dentro do limite, entendendo o funcionamento, prepare-se para a sinfonia das buzinas.

Vale um cuidado extra nas curvas mais estreitas também, em um dos bates-volta um caminhão de médio porte chegou a invadir a nossa pista, acionando todos os sensores de aproximação do carro, e este é um exemplo de que caso não estivéssemos devagar, não teria dado boa coisa.

Também vale reforçar o cuidado nas cidades medievais, o acesso de veículos, como ocorre em Florença, é restrito, com câmeras monitorando quem entra e quem sai, então se você não tem permissão para acessar o local é a famosa multa que eu citei logo no início do texto.

Cidades ao longe recordando que será necessário voltar

Se o hotel em que você vai se hospedar for dentro de alguma das cidades, entre em contato antes para saber como conseguir esta autorização. No nosso caso, o hotel em Siena ficava um pouco antes da restrição, então não tivemos que nos preocupar com isso.

Minha sugestão aqui é pesquisar estacionamentos próximos e colocar o endereço deles no Waze, pois é muito fácil você parar onde não deve.

Estacionamentos

Falando em estacionamentos, eles são comuns nas cidades maiores, nas bem pequenas, como Pieza, é fácil deixar em uma das ruas da área mais moderna, onde não há restrição de circulação.

Os preços são variáveis, alguns possuem atendentes e outros são por autoatendimento em máquinas, alguns são descobertos e outros cobertos, alguns ficam ao lado da porta de acesso da cidade e outros já exigem uma caminhada extra. Enfim, na hora de montar o roteiro a localização dos estacionamentos nas cidades a serem visitadas é uma pesquisa que vale ser feita. O preço médio na época era de 2 euros a hora.

Nas cidades maiores há mais de um estacionamento

Todas as paradas realizadas foram muito tranquilas, e usamos todas as nossas moedas acumuladas para os pagamentos, achamos todo o processo muito fácil e não tivemos nenhum problema nos locais.

O que achamos…

Confesso que foi uma mistura de belas paisagens com momentos de tensão, haviam momentos que eu queria estar olhando pela janela e não tentando descobrir em que direção tínhamos que ir, em outros ficava bem feliz de parar o carro em um espaço maior de acostamento e só admirar a vista. Naturalmente por tudo ser novidade, não relaxamos tanto quanto parece ser possível nos filmes, o que faz parte das descobertas.

E sim, é algo que considero realizar novamente, como não seremos mais novatos, imagino que a tendência é ficar cada vez mais fácil, e agora já entendemos muito melhor a dinâmica do trânsito local e já percebemos que não existe tanta diferença entre motoristas daqui e de lá.

Só de carro para ver as diferentes paisagens da Toscana

Mas não se assuste, apesar de um mico aqui, um perrengue pequenino ali, foi muito válido ter alugado o carro, pois a flexibilidade que ele nos dá amplia as possibilidades, permitindo escolher quanto tempo ficar em cada lugar e guardar as comprinhas básicas com tranquilidade. E em um futuro próximo, quando tudo estabilizar, quero retornar novamente na Toscana para conhecer as cidades que estão faltando, afinal, a Itália é um lugar onde podemos ir muitas e muitas vezes.

Conclusão de tudo: sim, vale muito a pena alugar um carro para conhecer a Toscana. Não vale a pena deixar o medo te impedir de alugar um carro, basta ter cuidado e atenção, os mesmos que temos andando por aqui.

Ficou com alguma dúvida? Já dirigiu na Europa e tem alguma experiência para compartilhar? Vamos adorar receber o teu comentário.

  • Viagem realizada em Setembro/2019
  • Alice estava com 6 anos e 4 meses
  • Todos os custos do aluguel do carro, estacionamento e pedágio foram pagos por nós
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5 comentários em “Experiência: Percorrendo a Toscana de Carro

  1. Uau!!! Que espetáculo de passeio! Essa é uma das viagens dos meus sonhos, mais desejadas!!!! Quero ter uma experiência maravilhosa na região e percorrer a Toscana de carro também! Adorei as dicas, e vou seguir todas elas!

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  2. Que experiencia maluca essa de percorrer a Toscana de carro! Claro, além destas paisagens deslumbrantes, se perder pode ser bem tenso. O medo da multa eu também teria. Embora estejamos acostumados a alugar carro no exterior, e meu marido ter a carteira internacional, nunca viajamos para lugares onde tem zonas restritas e isso pode se tornar uma grande dor de cabeça. Com certeza teriamos feito seguro contra tudo e contra todos. É o que costumamos pegar. Adorei conhecer sua expêriencia sobre Percorrer a Toscana de Carro.

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  3. Adorei a experiencia de vcs e o jeito de contar rsss. Mas confesso que me desanimou, pois sou medrosa e não quero o stress. Sera que alguem sabe indicar um motorista particular para esse roteiro da Toscana?

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    1. Olá,
      Não desanima não, Tatiana.
      Na verdade é como dirigir no Brasil, seguindo as regras de trânsito dá tudo certo, e a liberdade que o carro te dá na região compensa.
      Como não usamos transporte particular, não tenho nenhum para indicar. Talvez no site Viaje na viagem eles tenham boas indicações.

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