Localizada ao Sul de Santa Catarina, o município de Laguna é conhecido pelas suas belezas naturais, seu carnaval e sua história, já que é o local de nascença da guerreira da Revolução Farroupilha Anita Garibaldi. O que torna o local um lugar para se visitar o ano inteiro.
E por esta soma de motivos foi a nossa primeira parada quando resolvemos no mês de julho fazer uma roadtrip pelo estado de Santa Catarina saindo do nosso estado, que é o Rio Grande do Sul. Os detalhes da nossa estadia de dois dias em Laguna eu conto neste post.
Um pouco de história…
… que no caso de Laguna não é pouca.
Tudo começa a mais de seis mil anos atrás com os primeiros registros de comunidades pré-históricas, os chamados sambaquis, que tiveram contato com as tribos que vieram do Oeste e ali se adaptaram. Os primeiros conflitos surgiram nos séculos XVII e XVIII, quando portugueses e espanhóis iniciaram sua briga por território, resultando no Tratado de Tordesilhas no ano de 1494 e posteriormente a vinda efetiva dos portugueses entre 1500 e 1700 para defender as terras mais ao sul do Brasil.
Em 29 de julho de 1676 o recém chegado bandeirante vicentista Domingos de Brito Peixoto chegou à localidade e lhe deu o nome de Santo Antônio dos Anjos de Laguna, providenciando a construção de pau a pique da primeira capela. Nos anos seguintes a região seguiu sendo desbravada, sendo considerada cidade somente em 15 de abril de 1847.

Neste mesmo período ocorria a Guerra dos Farrapos (1835 a 1845) e foi de Laguna que um dos principais nomes dessa revolução surgiu: Ana Maria de Jesus Ribeiro, mais conhecida como a Heroína dos Dois Mundos Anita Garibaldi após se casar com o italiano revolucionário Giuseppe Garibaldi.
Mantendo a cidade preservada para contar não só a trajetória da Anita, não é à toa que em 1985 o centro histórico da cidade foi tombado pelo Iphan para preservar o seu porto original, os imóveis e sítios arqueológicos.

Hoje possui uma forte produção de camarão e siri em suas lagoas, além de explorar o seu potencial turístico, sendo muito mais movimentada no verão, quando a água do mar é mais convidativa, e por possuir um dos carnavais mais populares da região Sul do Brasil.
Hospedagem em Laguna
Como uma cidade turística o que não falta são opções de hospedagem para todos os bolsos. Mas durante a minha pesquisa os hotéis e pousadas não atraíram muito a nossa atenção. E assim acabamos optando por um apartamento via airbnb, onde nos deparamos com uma variedade bem grande e também diferentes opções. No inverno pelo menos, em termos de valor e conforto, achei o custo benefício melhor.
Escolhemos um apartamento na Praia do Mar Grosso, com dois quartos e dois banheiros, que era bastante confortável e agradável, com Netflix e boa internet, e próximo a restaurantes e supermercados. Não era muito longe da praia, mas do Centro Histórico só recomento a caminhada para quem gosta, pois a distância é maior.
Na parte história para contar, nos surpreendemos com a confiança da Marinete de deixar o freezer da geladeira cheio de carne e outros itens da família, além de bebidas na geladeira. Brincamos que se caísse um temporal que nos deixasse presos ali, de fome não morreríamos.



O que fazer em Laguna
O que não faltam são pontos turísticos para serem percorridos em qualquer época do ano. Da beira-mar aos prédios históricos, a cidade tem muitas atrações para diferentes públicos.
Praias
Se você for no inverno como nós vale a pena observar os botos que circulam pelas praias, sendo que nos Molhes da Barra eles são ajudantes dos pescadores.


É nos molhes também que você irá encontrar o cemitério dos botos e o monumento aos botos pescadores. Se você seguir a trilha irá ver vários no canal da Barra até chegar ao Farolete Norte.

Para quem vai entre julho e outubro também pode viver a experiência de ver as baleias francas, que chegam até Laguna, Garopaba, Praia do Rosa, Imbituba e Ibiraquera em busca de águas mais quentes para dar à luz e amamentar seus filhotes. Infelizmente não tivemos a sorte de vê-las.
As praias de Laguna também são bastante visitadas pelos surfistas, na área próximo aos Molhes, no final do Mar Grosso, haviam vários, mesmo no inverno.

Em relação a estrutura, a Praia do Mar Grosso é bem completa, com várias casas e principalmente condomínios de apartamentos, oferece fácil acesso a supermercados, restaurantes, farmácias e lojas.
A faixa de areia é bastante larga, havendo espaço suficiente para quem gosta de tomar banho de sol, surfar, caminhar ou praticar alguma atividade esportiva, sem atrapalhar ninguém.

Para quem não gosta de caminhar na areia, ao lado da faixa existe um calçadão para se caminhar, assim como uma ciclovia.
Outras praias que você pode conhecer, e que no nosso caso ficou para um retorno futuro no Verão:
Praia de Itapirubá: dividida por um morro, a metade Sul pertencente a Laguna e metade Norte a Imbituba.
Praia do Sol: possui uma larga faixa de areia.
Praia do Gi: menos frequentada por turistas tem águas cristalinas.
Praia do Iro: conhecida pelas pedras róseas da sua orla.
Praia do Tamborete: do seu morro é possível avistar quase todas as praias de Laguna.
Praia do Gravatá: seu acesso é somente por trilhas.
Praia do Manelone ou do Siri: vizinha de Gravatá, procurada por surfistas e por quem quer tranquilidade.
Praia da Teresa: entre dois morros é indicada para quem procura descanso.
Praia do Ipuã ou Ilhota: urbanizada recentemente, possui uma larga faixa de areia, sendo uma extensão da Galheta.
Praia Galheta: outra praia calma em relação a movimentação de pessoas e utilizada por surfistas.
Praia Grande: para chegar até ela é necessário atravessar as dunas.
Praia do Farol de Santa Marta: bem movimentada devido ao farol.
Praia do Cardoso: conhecida como praia dos pescadores e frequentada por surfistas, possui acesso asfaltado, sendo uma alternativa para quem quer chegar ao Farol de Santa Marta.
Praia da Cigana: outra praia de público tranquilo, tomada por dunas é escolhida por pescadores e banhistas.
Praia da Barra do Camacho: é a praia que faz divisa com Jaguaruna, tem uma área de água calma e pouca profundidade, sendo um local frequentado principalmente por famílias com crianças.
Mirante de Nossa Senhora da Glória
Em nosso último dia subimos os 126 metros do Morro da Glória, considerado o ponto mais alta da cidade, para ver toda a região do alto.
O acesso foi muito fácil, já que a estrada é toda pavimentada com asfalto e lajota. E além dos mirantes, que proporcionam uma visão muito ampla da cidade e principalmente das praias, lá se encontra a estátua de Nossa Senhora da Glória, cujos 14 metros de altura guiam fácil fácil os visitantes quanto o local.
Só não conseguimos ter uma boa visão do centro histórico, o mirante que proporciona a visão está dentro de um restaurante, que por acaso estava fechado durante a nossa visita.


Centro Histórico
Com um estilo arquitetônico que deixa muito clara a influência portuguesa, o Centro Histórico de Laguna é muito bem preservado e fácil de ser percorrido. Com cerca de 600 casarios e monumentos históricos, convidam a dedicar um espaço na sua agenda, mesmo em pleno verão, para conhecê-los:
1) Igreja Matriz de Laguna SC
A Igreja Matriz de Santo Antônio dos Anjos foi construída em três etapas: a primeira em 1696, que hoje faz parte do altar-mor, substituiu a capela de pau-a-pique construída na fundação do povoado em 1676. A segunda etapa foi a construção do corpo principal e dos altares laterais em 1738. E somente em 1894 foram erguidas as torres da Igreja.
Houveram outras alterações no decorrer dos anos, como a instalação do relógio em 1935 e a construção de uma capela em 1940.
Construída em pedra e argamassa com areia, suas pareces são largas e sua arquitetura segue o modelo de origem portuguesa adotado no Brasil durante o período colonial.



2) Praça Vidal Ramos
Em frente à Igreja Matriz, a praça Vidal Ramos foi inaugurada em abril de 1915 e homenageia Vidal Ramos, um antigo governador do Estado. Com um chafariz construído por Marcos Gazola na área central, foi uma das primeiras obras de urbanização do centro de Laguna, sendo preservada até hoje com os seus jardins e árvores bem cuidados.

3) Casa Anita Garibaldi
Ao contrário do que se possa imaginar esta casa não é o local onde a Anita Garibaldi morou, mas sim o local onde ela se vestiu em 1835 para o seu primeiro casamento com o sapateiro Manoel Duarte de Aguiar. Pois no início do século XIX, a casa pertencia ao Sr. Anacleto Mendes Braga e sua irmã, que eram responsáveis pela confecção de vestidos de noivas e emprestavam um dos cômodos para as moças se vestirem para a cerimônia e também, se assim desejassem recepcionar os convidados.
Construída por volta de 1711, ela é a típica casa colonial luso brasileira que utiliza em seu material pedra e argamassas com areia, barro e cal – o mesmo material da Igreja Matriz.
A casa virou museu e já foi restaurada algumas vezes. No seu interior a vida de Anita contada por móveis e utensílios de várias épocas, como uma urna com a terra da sepultura da heroína farroupilha e o mastro do navio “Seival”, uma das embarcações transportadas por seu grande amor Giuseppe Garibaldi.
Pois é isso que o museu me passou, na curta e intensa vida de Anita, ela viveu entre as armas e a paixão ao seguir Giuseppe, com toda a sua coragem e fibra, você sai do lugar admirando ainda mais toda a sua audácia, que se torna maior se considerarmos o período.
Existe cobrança de ingresso para visitar a casa, mas não é um valor alto, quando fomos era menos de R$ 10,00 por pessoa.



Ponte Anita Garibaldi
Festejada pelos gaúchos por acabar com o grande engarrafamento que havia na região, a Ponte Anita Garibaldi também impressiona pelo tamanho, já que é a sexta maior do Brasil com 2815 metros de extensão. Sua construção levou três anos e eu particularmente a acho lindona.

4) Fonte da Carioca e Praça Lauro Muller
Para que um povoado se instalasse em qualquer região, era necessário encontrar uma fonte d’água doce. Uma delas, que está em uso até hoje com o pessoal chegando cheio de garrafas para encher, é a Fonte da Carioca.
A estrutura atual da Fonte da Carioca foi construída em 1863 e junto com a Casa Pinto D’Ulyssea construída ao lado em 1866, foram as primeiras daquela área.


Cais do antigo porto
Construído em 1910 com pedras de granito, o cais de Laguna foi um local de grande movimentação entre as décadas de 1930 e 1950 com a chegada e saída de navios que traziam passageiros e mercadorias.
Nos dias atuais ainda é utilizado por pescadores e pequenas embarcações, além de proporcionar um belo pôr do sol na beira da lagoa Santo Antônio dos Anjos.
Para quem não resiste um letreiro, é possível encontrar um lá.

Outros pontos que não visitamos
Nós chegamos no sábado à tarde e saímos na segunda à tarde, o que deu dois dias para conhecer a cidade de Laguna, e obviamente ficou faltando lugares para serem visitados, dando aquela desculpa básica para retornar. Listo abaixo o que faltou:
Farol de Santa Marta
Considerado o maior das Américas e o terceiro do mundo em alcance, fica a 17km do centro histórico de Laguna e é cercado por praias. Mas para chegar a ele é necessário usar uma entrada diferente da utilizada para acessar o Mar Grosso, ou optar pelo uso de barco que transporte o carro. E esse foi um dos motivos pelo qual resolvemos deixar para uma visita exclusiva à região.
Pedra do Frade
Essa formação rochosa de 9 metros de altura e cinco metros de diâmetro lembra um padre franciscano e desafia a lei da gravidade ao se manter em pé em uma superfície inclinada na Praia do Gi.
Museu Anita Garibaldi
Localizado no Centro Histórico, o edifício construído em 1747 para servir de Cadeia Pública na cidade de Laguna se transformou em museu em 1949 no centenário da morte de Anita Garibaldi.
Nós chegamos a ir até o local, mas infelizmente o mesmo estava fechado para reforma.


Marco do Tratado de Tordesilhas
Uma linha imaginária à 370 léguas de Cabo Verde servia de referência para a divisão das terras que começavam em Belém do Pará e terminavam ao sul de Laguna entre Portugal e Espanha no tratado assinado na cidade espanhola de Tordesilhas em junho de 1494, deixando de vigorar em 1750.
Foi na década de 1970 que o Marco de Tordesilhas foi erguido para lembrar deste fato histórico. Infelizmente ficamos sem fôlego para caminhar até o local, por isso a minha recomendação de ir de carro para o Centro Histórico caso esteja tão fora de forma como estávamos no momento da viagem.
Trilhas
Quase todas as praias possuem trilhas. Vamos dizer que a mistura de vento e chuva fina ocasional nos desestimulou a fazer qualquer uma delas durante a nossa breve passagem.
Mas para quem ficou curioso, algumas delas:
Na Praia de Itapirubá tem uma trilha pelo morro no canto Norte. A distância aproximada é de 1 km até a ponta. Com a mesma distância a Praia do Gravatá tem a própria trilha de acesso à praia, partindo da comunidade pesqueira de Ponta da Barra.
Para quem curte as mais curtinhas, a Praia do Manelone tem uma trilha pelo morro no canto Norte da praia da Tereza, cuja distância aproximada é de 700m até a praia. Com a mesma distância tem no Farol de Santa Marta a trilha circular ao redor do farol a partir do portão, na vila.
Para quem procura o mínimo de esforço no Morro do Céu, também no Farol de Santa Marta, o carro chega bem pertinho da trilha pelo morro no canto Norte da Prainha, tendo que subir apenas 200m, mas se você se inspirar, depois dá para seguir pelas dunas nos morros na parte de trás.
Por fim, mas não menos importante, a Praia da Cigana tem uma trilha pelo morro no canto Sul da praia do Cardoso ou pelas dunas da Barra do Camacho. Na primeira à distância é de 1,4 km, já pelas dunas são 500m. Aqui vale a pena analisar os caminhos, pois caminhar pela areia das dunas exige um esforço um pouco maior.
Gastronomia em Laguna
Nós não fomos há muitos restaurantes, primeiro pelo pouco tempo e segundo por termos optado em jantar as duas noites no próprio apartamento, onde para a Alice eu fiz a janta e os adultos fizeram lanche. na avenida Senador Gallotti, que era próxima ao apartamento que ficamos, haviam supermercados, e nós encontramos boas opções no Tieli na parte da padaria.
Já no almoço, nós conhecemos dois. Na praia do Mar Grosso nós fomos no Restaurante Arrastão. Pedimos bolinho de bacalhau, salada, prato kids e um salmão grelhado que era para duas pessoas e vinha com arroz e batata, mas que com os complementos atendeu aos três muito bem.



O segundo restaurante foi próximo à Praça Vidal Ramos, o Dolci Freddo oferece além de gelatos almoço à la carte ao meio-dia. Nós escolhemos pratos com massa que estavam bem gostosos e o preço do tipo que o bolso adora. Fora que o ambiente é uma graça, com direito a cantinho da leitura.
Clima em Laguna
Nós fomos na terceira semana de julho, em pleno inverno, mas não pegamos aqueles frios que congelam qualquer parte do corpo que não esteja tapada. O que encontramos foi um vento geladinho e uma chuva bem fininha em alguns momentos, mas nada que atrapalhasse o passeio ou exigisse algo mais que uma capa.
No geral em Laguna, o verão é morno com chuvas quase diárias – principalmente à noite; o inverno é longo e ameno. Durante o ano inteiro, o tempo é com precipitação, de ventos fortes e de céu parcialmente encoberto. Ao longo do ano, em geral a temperatura varia de 13 °C a 28 °C e raramente é inferior a 9 °C ou superior a 32 °C.
Então para quem quer obrigatoriamente tomar banho de mar a recomendação é viajar entre os meses de Dezembro e Março.
Como Chegar em Laguna
A cidade de Laguna está localizada no litoral sul de Santa Catarina, a cerca de 128 km da capital Florianópolis e de 351 quilômetros da capital gaúcha Porto Alegre.
De carro: pela rodovia federal BR-0101. Para quem vem do Rio Grande Do Sul é passando a ponte Anita Garibaldi, para quem vem de Florianópolis é só ficar de olho nas placas, a estrada é bem sinalizada.
De ônibus: algumas linhas regulares partem de cidades como Florianópolis, Curitiba e Porto Alegre para Laguna. Se for a sua opção, vale a pena pesquisar na rodoviária da sua cidade uma passagem direto para Laguna ou até uma das capitais citadas.
De Avião: o Aeroporto Humberto Ghizzo Bortoluzzi, localizado no município de Jaguaruna-SC, fica a 56 km de Laguna e recebe voos de São Paulo e de Campinas. A oura opção é descer em Florianópolis e vir de carro, ônibus ou transfer até Laguna.
Vale a pena?
Sim, vale. Mesmo no inverno a cidade de Laguna pode ser uma agradável surpresa. Seja pela sua tranquilidade para quem quer caminhar à beira-mar, seja por toda a história que ela conta.
Naturalmente no verão ela é bem mais agitada, principalmente no carnaval, e ainda queremos ir nesta estação para curtir o seu mar. Mas o fato é que o local atende nas quatro estações, tendo bons restaurantes, mercados e atividades para quem não quer apenas descansar.

* Viagem realizada em julho/2022
* Alice estava com 9 anos e 2 meses
* Todos os custos foram pagos por nós
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Laguna é realmente uma cidade cheia de história. Famosa por ser a cidade Natal da nossa heroína farroupilha Anita Garibaldi. Pensar em Laguna é pensar em Anita. E aqui, neste blog, há um tratado histórico deste lugar, com preciosas informações e dados relevantes! Muito bom!
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Não conhecia Laguna, achei super interessante a cidade, realmente um local cheio de histórias. Já vai entrar na minha lista para ir em breve
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Laguna é realmente uma praia cheia de história. Fiquei com vontade de ver os botos pescadores!
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