Localizada na região Sul do estado do Rio Grande do Sul, a cidade de Pelotas já foi locação de produções televisivas, com forte influência portuguesa na sua arquitetura e em seus deliciosos doces, pode ser conhecida durante um de seus festivais ou durante uma parada antes de seguir viagem.
Que os doces de Pelotas são maravilhosos, nós já sabíamos. Mas em nossa viagem de carro para o Uruguai, a cidade também serviu como uma parada estratégica para a estrada ser menos exaustiva na ida.
Localizada a 262km da capital gaúcha Porto Alegre e a 261km do Chuy, primeira cidade do Uruguai para quem quer conhecer o litoral do país vizinho, Pelotas é uma boa opção para quem deseja pernoitar antes de seguir viagem, motivo pelo qual a escolhemos.
Um pouco de história…
Pelotas tem sua primeira referência histórica em 1758 quando as terras que ficavam às margens da Lagoa dos Patos foram doadas ao coronel Thomáz Luiz Osório. Cinco anos depois, em 1763, o local se tornou abrigo dos habitantes da Vila de Rio Grande, sendo seguidos por alguns retirantes da Colônia del Sacramento, quando Portugal cumpriu o tratado de Santo Ildefonso e devolveu a cidade aos espanhóis.
Mas foi só em 1780, com a chegada do português José Pinto Martins que a economia foi estimulada, e assim a cidade começou a ser criada, sendo oficialmente fundada em 1812 como a Freguesia de São Francisco de Paula, para se tornar vila em 1832 e finalmente cidade em 1835.
O nome Pelotas foi uma homenagem às rústicas embarcações feitas com couro animal e quatro varas corticeiras, para a travessia dos rios.
Hoje a cidade é tombada como Patrimônio Cultural Brasileiro, valendo a visita tanto pelos seus doces quanto seus casarões.
Como chegar em Pelotas
Pelotas já foi um centro cultural e econômico do Brasil, o que faz com que seu acesso seja fácil, podendo ser feito tanto de avião, quanto de ônibus ou carro.
No caso de avião, a cidade possui o aeroporto internacional João Simões Lopes Neto, e atualmente é mais utilizado para rotas nacionais, havendo voos diretos para algumas capitais brasileiras.
Para quem opta por ônibus, é necessário pega-lo na rodoviária de Porto Alegre, a viagem dura em média 4 horas.
E quem opta por ir de carro, como nós, irá pegar a BR-116, que nesta parte do estado ainda está em obras no momento desta postagem, podendo ter pista simples ou dupla. Mas no geral achamos ela bem tranquila. A mesma possui alguns pedágios (sim, no plural, pagamos R$ 15,20 em cada parada – valores de janeiro/2023).
O que fazer em Pelotas
Chegamos em um domingo à tarde para almoçar e saímos no outro dia de manhã. Como a cidade estava com praticamente tudo fechado, nós optamos por apenas caminhar pela área central da cidade. Então abaixo vou relatar o que vimos e depois uma lista de outros lugares turísticos, caso você esteja na cidade de segunda à sábado.
Os Casarões
A cidade é cheia de casarões antigos, e no centro encontramos vários deles. Alguns belíssimos e bem conservados, outros clamando por uma restauração urgente.
Observamos que vários estão sendo usados pela iniciativa privada, que está cuidando e mantendo os edifícios em ótimo estado sem modificar a sua fachada (a parte interna desconhecemos para dizer como ficou a preservação).
Catedral Metropolitana São Francisco de Paula
Inicialmente uma capela, teve a sua construção iniciada em 1813. Em 1845 a cidade chegou a ter aprovada a construção de uma nova igreja em outro local. Com direito a visita de Dom Pedro II para inaugurar simbolicamente os alicerces. Mas ela nunca foi construída e foi a igreja localizada em frente à Praça José Bonifácio que foi elevada a Catedral pelo Papa Pio X em agosto de 1910.
A catedral cresceu junto com a cidade de Pelotas passando por restaurações no decorrer dos anos, sendo a que foi de 1948 a 1951 a que deixou com as características que mantém até hoje.
Seu espaço interno comporta quase 2 mil fiéis, e a decoração interna é obra dos artistas italianos Aldo Locatelli, Emilio Sessa e Adolfo Gardoni.
Infelizmente a Catedral só recebe visitação de Segunda-feira a Sexta-feira das 10h às 18h e aos Sábados 10h às 18h. Como fomos em um domingo, não conseguimos vê-la por dentro.
Mercado Público de Pelotas
Construído em 1848 hoje abriga desde peixaria, restaurantes e lojas de lembranças. Os restaurantes ocupam principalmente a área externa, no lado oposto ao da peixaria, oferecendo mesas na tua e música ao vivo.
Na área interna estão as lojas e uma cafeteria que vende os famosos doces de Pelotas, com direito a pastel de nata quentinho. As mesinhas ficam em uma bonita área do local.
Foi a nossa escolha para jantar e fechar o dia em Pelotas.
Rua dos doces
Junto ao calçadão do centro da cidade está a pequena Rua dos Doces, que são pequenas bancas ocupadas pelas doceiras locais. Com uma formiga gigante como sinalização, ali é possível pegar para comer na hora ou comprar para levar, pois elas oferecem embalagens para viagem.
Para quem não resiste a um doce, é um ponto de parada obrigatório. E sim, vale muito a pena, os doces são maravilhosos.
Outros pontos turísticos que não visitamos
Charqueadas: dez mantiveram sua área preservada e oferecem desde visitação guiada até opção de hospedagem. Algumas opções são a Charqueada São João, a Charqueada Santa Rita e a Charqueada Boa Vista.
Museu do Doce: esse foi a minha decepção por estar fechado, ocupa um dos casarões do centro e conta a relação da cidade com os doces.
Parque e Museu da Baronesa: o solar da Baronesa foi construído em 1863 e pertenceu à família Antunes Maciel e foi ocupada por gerações da família até ser doada à comunidade de Pelotas em 1978. Em 1982 a Prefeitura inaugurou o Museu Municipal Parque da Baronesa. O mesmo encontra-se temporariamente fechado para restauração.
Igreja Anglicana: em nossa caminhada não passamos por ela, e só a encontrei em uma pesquisa posterior para escrever este post e ver quais pontos interessantes não havíamos visitado. No caso da Igreja Anglicana ela não é para visitação, mas chama atenção pela sua parte externa coberta de heras, cuja coloração muda conforme a estação do ano. O que lhe deu o apelido de Igreja Cabeluda.
Praia do Laranjal: localizada a cerca de dez quilômetros do Centro de Pelotas e muito frequentada pelos moradores, tem seus três balneários – Santo Antônio, Valverde e dos Prazeres – banhados pela Lagoa dos Patos, fazendo parte da costa doce gaúcha.
Gastronomia Pelotense
Uma coisa é certa, não se pode sair de Pelotas sem experimentar os seus doces, e mesmo que esteja em dieta, separe aquele dia do pode para quando parar aqui, pois você não irá se arrepender.
Como passamos menos de 24 horas na cidade, não conseguimos explorar muito a parte gastronômica. O que nos salvou na hora do almoço foi o restaurante que funciona dentro do hotel que escolhemos. Era um buffet com várias opções e comida gostosa, com um bom custo x benefício.
O lanche e o jantar foram no Mercado Público de Pelotas, onde a tarde provamos um maravilhoso pastel de nata quentinho com canela por cima. Já para o jantar, nós optamos por um dos restaurantes com mesas na rua que tinha um mix de lanches e pratos quentes e nos atendeu bem.
O clima em Pelotas
Fomos em pleno janeiro e pegamos, como dizemos aqui, um baita calor. Então no verão não esqueça de roupas leves, sapatos confortáveis e protetor solar. Deixe os casacos de lã para o inverno, que costuma ser caprichado aqui para os lados do Sul.
Hotel em Pelotas
A cidade de Pelotas tem vários hotéis com diferentes diárias, sendo muito fácil buscar algo que atenda aos requisitos de custo x benefícios.
No nosso caso optamos pelo Hotel Alles Blau, que fica no centro da cidade e estrategicamente localizado ao lado das bancas que vendem os famosos doces de Pelotas.
Dormimos apenas uma noite, mas achamos os quartos limpos e confortáveis. No banheiro havia amenidades como sabonete, shampoo, condicionador e toca de banho.
Apesar de ter poucos andares, eles oferecem elevador, o que facilita muito a vida de quem viaja com mala maior (como foi o nosso caso).
O café da manhã tem uma boa variedade e atende bem. Só deixo um ponto de atenção: não é aqueles super cafés que se encontra na Serra Gaúcha – como em Gramado -, mas o que tem atende bem.
Para quem está de carro, o estacionamento fica em outra quadra e tem um custo a parte, em Janeiro de 2023 era de R$ 18,00 a diária. Mas é possível estacionar o carro em frente ao hotel para fazer a carga/descarga das malas.
O wi-fi funciona bem, assim como a televisão que tinha variedade nas opções de canais.
No geral gostamos bastante, valendo o custo x benefícios.
Vale a pena?
Nós achamos as poucas horas que ficamos na cidade bem agradáveis, não é um local que precise de muitos dias, como ocorre na Serra Gaúcha, a menos que você se encante pela praia e queira ficar mais tempo por lá.
Pelotas possui uma boa estrutura, embora ache complicado uma cidade que feche os seus pontos turísticos no final de semana, período mais comum de ter visitantes. Então para um retorno, já me programei em ir em dia útil ou em um sábado.
E tem a famosa Fenadoce para quem é apaixonado por doces. A Feira ocorre em pavilhões na entrada da cidade e ocorrem todos os anos no mês de junho.
Então sim, é um local que vale a pena conhecer e saborear, ao qual provavelmente vamos retornar.
* Viagem realizada em Janeiro/2023
* Alice estava com 9 anos e 8 meses
* Todas as despesas foram pagas por nós
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